quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Então...

Então, meu caro, que a vida nos surpreende com uma força incrível. Fato é que começamos este caso como quem não quer nada, interessados tão somente no possível prazer proporcionado pelos encontros furtivos. Dizem que a vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando coisas. E num é que é mesmo? Enquanto marcávamos de nos ver, a vida ia tecendo, silenciosa, seu próprio caminho. As conversas eram pano de fundo de noites agradáveis e bem aproveitadas, deixando entrever o outro que se sentava diante de nós. Outro que se revelava interessante, interessado, alguém que partilhava histórias e vidas antigas, dividia risadas, o copo, a cama. Não um caso de imagem e semelhança, que dessa coisa de iguais, parecidíssimos, não existia. Havia sim uma afinidade grande, se encontravam similares naquele tanto de diferenças que carregavam em suas criações e visões de mundo.
Mas a vida também seguia tramando, e um ia partir. A história, que se iniciara, talvez não tenha fim. Ou era esse o fim? O que fica chora, lamenta a falta de sorte, porque tem que ser assim? Quem vai, volta? E a permanência das coisas? Nada tinha resposta agora, e viver ficaria dolorido, aquele contar interminável de horas e dias e semanas, carregando a sensação de que o mundo está parado, nada acontece. Aconteceria?
Pensava: se soubesse que o outro partiria, mudaria a história? Descobriu que sim: se pudesse voltar atrás, faria tudo de novo, mas anteciparia tudo para a 1ª vez em que se viram.

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