quinta-feira, 31 de julho de 2008

Para memória fraca, use a lista

Não exatamente preocupada, mas atenta às coisas da casa, estou aqui listando o que falta para a compra do supermercado. E me dei conta de como adoro uma lista. Não sou apegada a datas, logo minhas listas são feitas em qualquer época, não dependo de um ano novo para elas. Acho que até ritual para escrever eu tenho. Essa do supermercado, por exemplo: começa dias antes da tal compra, não é feita de rompante, mas calma e meticulosamente. O bloco e a caneta ficam à mão, pois na hora mais imprópria percebo: falta sabonete. Anota. Lendo um livro, ouvindo uma música, o dia passa, chega a noite, e eu adoro uma vela. Mas acabou, e adivinha: lista nela! E assim vai, dias se seguem, e o rol do supermercado vai ganhando em tamanho, pensado quase como uma obra de arte.
Nesse ano me mudei, e com a mudança, veio a necessidade de outra lista: livros. Os que tenho, obviamente. Opa! Posso fazer também a dos que quero ler e ter, nessa eu não tinha pensado... Bom, voltando aos livros: comecei toda feliz uma planilha, tirando um a um da estante, catalogando nome e autor, antes de encaixotar. A tarefa, braçal diga-se de passagem, era feita de noite, depois de um dia inteiro de trabalho, e fato é que na altura do 150º livro, perdi a paciência e deixei de lado. Está aqui, salva e intacta, esperando a finalização (virá?).
Tem outra que adoro: as coisas que ainda quero para deixar minha casa do jeitinho que imagino, gostosa e aconchegante. E isso dá trabalho e gasto, muito gasto, então por ora fica só a lista mesmo. Almofadas (lisas ou estampadas?), fotos para ampliar e colocar nas paredes, aquele banquinho para acomodar a pipoca e a coca cola enquanto vejo filmes, a samambaia e a lanterna que quero para a varanda, e por aí vai.
Ontem comecei outra: a dos filmes que vi. Consegui me lembrar de poucos, eu que assisto e gosto de tantos. Escrevendo os nomes, fui pensando também naqueles que quero rever. Outra lista, pode?

Mais:
Músicas que quero ouvir;
Cantores cujo trabalho quero conhecer;
Passeios que ainda quero fazer;
Cidades que visitei;
Cidades e lugares que ainda quero conhecer;
Blogs que quero visitar;
Comidas que quero experimentar...

Algumas dessas já tenho, outras inventei agora. Comecei esse texto pensando nas minhas listas de um jeito engraçado, vendo-as como uma mania boba, meio neurótica. E agora, vejo que tem um lado legal: elas fazem lembrar e resgatar histórias e épocas da minha vida, felizes, despreocupadas, intensas, chorosas, e todas com um traço comum: me fazem ver o quanto vivi, e bem. Cada filme, livro, desejo, colocados no papel, trazem os cheiros, sensações, sabores de outros tempos, e ter essas memórias despertadas é bom, simples e bom. Aposto que isso pode render outra lista...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Trégua

Chega. Decidi que vou dar um tempo de pensar nos problemas. Tem hora que simplesmente não dá mais: se continuar com isso, vou ficar maluca. Um, porque chega um ponto em que se fica impotente diante da situação. Dois, porque a minha cabeça dói. Mas lá no fundo a mente, teimosa e independente, insiste em deixar claras suas opiniões: “você não pode esperar”, “é loucura deixar pra depois”, “arrume um jeito, pense em uma saída”. Ah, a maldita culpa.

Fato é que deixarei de lado, ao menos por hoje, esses chatinhos, os problemas. Até porque, quando se pensa demais neles, tendemos a superdimensionar os danados. Acho que “afastar-me” vai proporcionar a distância necessária para que eles fiquem do tamanho que têm que ser. Ah, caprichosos esses bichinhos...
Eu posso ser mais ainda...

Gorjeio


Hoje eu acordei:
Com vontade de cantar
Um passarinho
Que é
Feliz
Porque canta

Se me perguntam
De onde
Ela vem
Não entendem
Nada
Do que falei

Ela vem de mim
Sem explicação
Como quase tudo
Que se vê por aí

Tenho em mim...
Sempre
Os sentimentos
E um mundo

domingo, 27 de julho de 2008

Saudade do que não vivi?


Então, relendo antigas revistas, achei uma matéria interessante, sobre como não vivemos o tempo presente. Influenciada pelo título, decidi, só por aquele momento, ler com calma e atenção o tal texto. Foi inevitável a identificação com os casos de corre-corre narrados na reportagem. E é verdade. Transformamo-nos em reis do faz-tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Agendas cheias, coração vazio?

Lendo o texto, pensei em como passamos grande parte do presente preocupados ora com o que passou, ora com o que queremos que aconteça (ou que inevitavelmente vai acontecer). Mas viver mesmo, ali na hora, nada.

E pensei também que a vida dá a oportunidade de tentar mudar isso. Tentei então, por iniciativa própria, prestar atenção somente naquelas páginas de revista, naquele momento. Sem internet, sem MSN e plocs na tela do computador, sem música, televisão desligada, com a atenção toda voltada para aqueles poucos minutos. Prestei atenção na minha respiração... Inspira, solta, lenta, como quem tem todo o tempo do mundo, ainda que fossem meros 10 minutos de calmaria.

E não é que ao final da reportagem, eu me sentia menos ansiosa? A minha percepção, é claro, foi alterada. Meus ouvidos captaram o silêncio do cair da tarde (isso é possível mesmo em cidades grandes!), minha palpitação constante se acalmou (ainda que voltasse ao “normal” depois), e senti até um certo sono, eu vítima de insônias inúmeras vezes...

É claro que não durou muito o momento zen, afinal, como a maior parte das pessoas, eu sou ótima dando conselhos, e péssima para aplicá-los à minha vida, e raramente dou continuidade aos planos de viver melhor, mas vale a pena pensar um pouquinho. Sigo com a cabeça tumultuada por problemas que não posso resolver agora, enquanto ao meu lado estão aqueles que amo, em quem penso e sinto saudade quando estão longe... Êta gente besta, Meu Deus.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mis colores


Era assim:
Azuis imensos, brilhantes
Vermelhos, berrantes, de brasa
Amarelos de ouro.

Os traços incertos,
Até mesmo infantis
Diziam dele tudo?
(Diziam...)

Parecia sem sentido
E, no entanto,
Era felicidade
Vida que despertava.

Sua alma de artista
Ao cabo de tudo sabia:
Só fazia sentido
Quando alguém
Encontrava.

Prescrição


Convite


Basta de poemas para depois...

Ó Vida, e se nós dois

Vivêssemos juntos?

in Báu de Espantos, Mário Quintana

Outra dose


A arte do chá

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

(Leminski )
________________________________________
"Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."
in Poema de Sete Faces, Carlos Drummond de Andrade

Drágeas


"Eu gosto de fazer poemas de um único verso.
Até mesmo de uma única palavra

Como quando escrevo o teu nome no meio da página
E fico pensando mais ou menos em ti

Porque penso, também, em tantas coisas... em ninhos
Não sei por que vazios em meio de uma estrada

Deserta..."


Conversa Fiada, Mário Quintana






A oração de Clarice


"Não, não devia pedir mais vida. Por enquanto era perigoso. Ajoelhou-se trêmula junto da cama pois era assim que se rezava e disse baixo, severo, triste, gaguejando sua prece com um pouco de pudor: alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que eu me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível eu fui criada e eu mesma tambem incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém.


Não era à toa que ela entendia os que buscavam caminho. Como buscava arduamente o seu! E como hoje buscava com sofreguidão e aspereza o seu melhor modo de ser, o seu atalho, já que não ousava mais falar em caminho. Agarrava-se ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvores, o atalho onde ela fosse finalmente ela, isso só em certo momento indeterminado da prece ela sentira. Mas também sabia de uma coisa: quando estivesse mais pronta, passaria de si para os outros, o seu caminho era os outros. Quando pudesse sentir plenamente o outro estaria salvo e pensaria: eis o meu porto de chegada. Mas antes precisaria tocar em si própria, antes precisava tocar o mundo."

In Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, Clarice Lispector

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Uma flor, meu bebê


Há dias espero a flor no jardim.
Não sei a cor, nem o cheiro, nem a forma.
Adivinho? Ou a sei bela antes de conhecer?
Ela que já me veio em sonho...

Nem é época de flor, podem dizer alguns
E eu só posso concordar,
Mas quem precisa época certa para sonhar?

Sigo buscando-a todas as manhãs,
A despeito do inverno frio que faz por aí.
Alimento meu desejo não secreto
De vê-la antes da primavera.
Enquanto espero, sigo sonhando.


TSM, 23.07.2008

Por que você faz?


Poesia não tem nexo,
Poesia não tem sexo,
Poesia não está prosa.

É para curtir solidão,
Choro, melancolia.
Às vezes fala até de alegria,
Mas Poesia fala do que quiser,
Pois Poesia fala de alma.

Poesia manifesta, comemora,
Celebra, também chora.
Poesia sussurra, quase sempre grita.

Poesia cabe num verso,
Poesia cabe numa nota.
Poesia que atravessa o meu dia.

TSM, 23.07.2008


“Qualquer coisa é a casa da poesia”

Adélia Prado

sábado, 19 de julho de 2008

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Oração

São quase 3 horas da manhã... de uma quinta-feira que nada anuncia de novo. De repente me dou conta de que não sou, não tenho nada... (Como ter esperanças?)


Meu único compromisso é o de manter em dia a agenda de futilidades. Cansei de procurar por isso que não aparece de jeito nenhum, chego a pensar se existirá. Já ouvi que, se pedir, receberei. Pedi, pedi, pedi de novo: N A D A. E mais, acho que em casos como esse nem se precisava pedir, mas vá lá, sigamos pedindo.
E sabe o pior: nem é desespero. É só a constatação de que tudo parece estar parado, um lago de tranqüilas águas, e eu aqui, um turbilhão. Não tem equilíbrio que se segure. Estão ou não acontecendo? Porque a impressão, agora, é que tudo está no mesmo lugar de sempre. Quase: menos eu.


TSM, 17.07.2008

Revisitando Caio Fernando Abreu, achei 2 contos que amei reler: “Pequeno Monstro” e “Os Dragões não conhecem o paraíso” (in “Os Dragões não conhecem o paraíso”). Abaixo, um trecho do segundo texto:

“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada”

E um trecho de um conto sem título, in Caio 3D, O Essencial de Década de 1980

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como " estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na lagartixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça."


Caio Fernando Abreu



quinta-feira, 17 de julho de 2008

Drummond de madrugada

Acordar, viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimentoque lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
(Carlos Drummond de Andrade)


"Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!"

(Carlos Drummond de Andrade, in José)


"O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar. "
(Carlos Drummond de Andrade in “Amar se Aprende Amando”)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tango de Nieblas


Ah! Que tempo é esse?
Que passa voando, voando...
A vida caminha, andando
E é como se nada tivesse acontecido

Pois assim segue a vida,
Sempre, sempre, apesar de.
Dias vão amanhecer,
É certo que noites sempre vêm.

As luas,
Mesmo quando não aparecem
Essas vão se suceder
Escancarando a beleza prateada.

E debaixo das mudanças da lua
As coisas alteram seu rumo também
E espero a notícia que não chega
Na lucidez insana
De sabê-la, ao menos, certa.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Roubando poesia

Descobri Martha Medeiros no ano passado, e depois de uma coluna de jornal, algumas frases no orkut, me rendi e li tudo da moça. Apaixonei-me. Tendo oportunidade, releio sempre. Ah, não é à toa que Caio a previu...
Um dos preferidos:

"tinha na época pouco mais que treze
mas já sabia que as pessoas
mentiam às vezes e intuía que meu
destino seria melancólico caso eu
não tomasse uma medida urgente

inventei então de ser alguém
que atravessaria paredes e
sem que ninguém percebesse
colheria dados para um poema
que um dia escreveria
mesmo que você não lesse

mas você está lendo e agora
sabe tudo a meu respeito, a dor
que trago, o amor que sinto, a
fera doce que satisfaz seu maior
instinto e que não conhece nenhum
retrato mais perfeito."

domingo, 13 de julho de 2008

Impressões de um sábado-domingo sem fim

Olho as unhas, não quero mais essa cor, quero vermelho. Não sei por que insisto nessas novas cores, com nomes estranhos, jogadas publicitárias para pegar desprevenidos? Nem parece que estudei isso, tudo me pega, vivo dizendo. Ontem mesmo comentava, entre velhos conhecidos, essa mania de olhar tudo que é correspondência, adorar mala-direta, e prestar atenção só no bloco dos comerciais.

Os pensamentos se emendam, vejo que é um domingo qualquer esse, com um frio incomum, que não fez no último ano. Penso em C., quero ler, porque ele sempre me dá idéias, e gosto de escrever pensando que é igual a ele, meu “muso”. Fecho a janela, o vento corta, e não é bom facilitar quando se está assim, meio rouco, e é recente a decisão de não fumar, entrando no quarto dia, logo o frio é inimigo.

Quero aproveitar o sol fraquinho do inverno, e sentar numa praça qualquer, sem finalidade alguma que não seja esquentar-me. Cinema é uma opção, mas a preguiça é opção maior ainda. Ontem revi colegas, no encontro de uma década, e penso na vida que cada um tem agora. Vi filhos crescidos, vi filhos na barriga ainda, e outros que acabaram de chegar nesse mundo. Pensei que quero um também. Mas não sei se tenho coragem.

Certo é que quero uma planta, verde e grande, na pequena varanda. Engraçado que foi o que mais me chamou a atenção, e hoje é onde menos fico... Mas resolvi dar a ela seu lugar de destaque, vai ser meu cantinho de ler, ou de escrever nesses novos tempos.

Nenhuma novidade ainda, Ela não chegou (apesar das várias apostas, todas “perdidas”), 14 anos se passaram desde o 1º encontro, todos com a mesma figura, o show tava médio, mas revi queridos antigos, a madrugada foi fria, o fim de semana não acabou, e no somatório, ainda é tudo bom demais...


13.07.2008

sábado, 12 de julho de 2008

O que é o amor

Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer
Me fez despertar
Me disseram uma vez
Que o danado do amor
Pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar
Me disseram também
Que o amor faz bem
E que vence o mal
E até hoje ninguém conseguiu definir
O que é o amor

Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz
É emoção
O amor
Quando a gente ama, é um clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor

(Arlindo Cruz / Maurição / Fred Camacho)

MÚSICA QUE ADORO, E TÔ OUVINDO, SÓ PRA ALEGRAR O DIA FRIO... CANTA MARIA RITA!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Duas linhas

"Na prosperidade nossos amigos nos conhecem;
na adversidade nós conhecemos nossos amigos."

J. Churton Collins

sábado, 5 de julho de 2008

Para começar o dia... (quase tarde): poesia


DAS ILUSÕES

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!

Mário Quintana

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Para Tê




Un café s’il vouz plaît?



Sabe, andei pensando em você. Queria conversar, te contar coisas. Andando por aí (andando é modo de dizer, já que isso hoje só se faz com prescrição médica, mas pensar, eu pensei, é também um modo de “andar”) e pensando marcar um café...

Primeiro era pra dizer da minha vida, e também saber um pouco da sua. Tempos doidos esses, tanta facilidade e nós cada vez mais afastadas... Os dias agora são diferentes, entrei numa velocidade desconhecida, antes era só no organizador, agora são horas que controlo do meu jeito. Tudo bem que às vezes fico meio perdida, mas tô descobrindo umas rotinas novas, aproveitando o tempo para fazer coisas que nunca fiz, até para fazer NADA. Sigo feliz, administrando as perdas necessárias, mas sabendo que o melhor virá. Não que eu goste da promessa do paraíso futuro, aliás, pensando bem, minha vida já tá linda assim, mas falo de sobreviver.

Você me entende né? Sempre foi assim, essa coisa meio de telepatia, aliás, me lembrei esses dias de um filme a que fomos assistir, e eu te disse assim umas coisas, no ônibus (lembra?), e quando começou o filme... Você vai lembrar.

E então, fala de você... Deixa que eu falo: Você, que conheço bem, que me conhece tão bem, que é amiga, que também briga, que é presente, que foi passado, que foi história, risada, apertos, pagodes, cigarrinhos, parceira de estrelas, desejos, dividiu frustrações, me viu feliz, te vi feliz, me viu chorar, te vi chorar, me viu renascer, me viu longe também, longas ausências... Então, quis te presentear e saiu assim. O presente é, na verdade, meu, por te saber na minha vida hoje e sempre, não importa distância e lugar.

“- Moço, dois cafés com creme, por favor? Aqui pode fumar? Então, conta as novidades...”
“Ai, menina...”


TSM, 04.07.2008

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Segue o teu destino

Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas ares
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te, a resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

(Ricardo Reis/Fernando Pessoa)

Incógnito ou Um Brinde


“Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar
muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.”
Caio Fernando Abreu


Para o que eu já sabia
Que viria
Sem nem saber

Para o que vi
E soube que era meu
Antes até de conhecer

À alegria ainda maior
Dos dias vividos
Poder te ver

Ao que ainda nem dei nome
Mas é como me sinto
Descobri em você

TSM, 03.07.2008

Reinvenção

Renascer de mim...
Redescobrir gostos, memórias, pequenos tesouros engavetados...
Lembrar frases, fases, felicidades cotidianas e remotas.
Rememorar as tristezas, fracassos e descobrir que se pode rir disso hoje.
Descobrir a riqueza das experiências vividas, das músicas ouvidas, dos sentimentos que vieram e se foram... Lembrar que posso sentir tudo de novo... Basta estar aberto. Ou buscar no fundo de minhas memórias tudo que quero.
Felicidade de sentir que se é uma mistura de tudo que passou. Ser feliz de ser como se é. E melhor: descobrir novas formas de se fazer, de se portar, de ser...


TSM, 2006

terça-feira, 1 de julho de 2008

Da resolução



"... quis morrer de dor, mas decidi que sou ótimo."
Caio Fernando Abreu
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