Minha porção cínica, digamos assim, é a que me mantém alerta. Cinismo soa pesado, dito de tal maneira. Digamos então: minha porção descrente. Ela me avisa dos perigos, reais e imaginários, de tudo que pode dar errado, do mau tempo que pode vir no meio de um passeio ensolarado, estragando tudo. Ela me deixa de prontidão para o acidente que pode acontecer, para a pele ruim em dia de comemoração, para a briga que pode rolar no melhor da festa, para os males que podem estar em qualquer parte. Ela é responsável por todos os receios antecipados, ansiedade nauseante, taquicardias e insônias que por vezes assombram. Dela vêm os medos mais profundos, superdimensionados por mim, eu que ando de mãos dadas com minha imaginação fértil. Eu a escuto, só escolhi não dizer tanto dela, tento não dar cartaz, e assim evito (?) que se torne a realidade que não precisa ser. Ela, a cínica, descrente, tem sempre palpites, para todo tipo de assunto. Olho bem pro fundo: ainda está aqui. Não me queixo, ela cumpre seu papel. Por fim, vejo: a outra é maior ainda.
Um comentário:
Eu sei exatamente do que falas! rs
Adorei o post.
beijo
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