Caminhava por onde já se conhecia, uma tarde abafada, calorenta, uma chuva necessária se anunciava... em vão. Lembrou que há muito não via os mensageiros, vai que não tinham notícias. Já haviam anunciado? Sua capacidade de surpreender (se) não se esgotava, e observou admirada, num relance, as flores lilases bonitas que dava a árvore, mesmo podada, quase morta. Na impossibilidade de um registro fotográfico, tratou de fixar a imagem no cérebro, o bonito lilás, profuso. O caminho tinha árvores outras, e ainda surpresa, viu: flores amarelas, e pequenas, em plena morte, caídas, no chão. Ainda ali, podia-se ver a beleza delas, possível ainda na agonia. Faziam-se tapete, pequenos pontos dourados, todos juntos, cobrindo o frio feio do asfalto. Podia ter poesia, o concreto. Aquele nem era o caminho mais bonito, entretanto guardava surpresas como essas. Assim era: escolhera, sem saber ao certo, um destino, e o cumpria com a convicção de que era a sua construção possível.
2 comentários:
Excelente começo para um conto... haverá continuação?
Gostei da sua prosa.
Bjo
Ana
www.mineirasuai.blogspot.com
Ps.: Em baixa criativa... tudo culpa dele, do AMOR! Meu estado de felicidade me impede de escrever. Hei de esperar algo angustiante ou a próxima TPM para escrever. rsrsrs
A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
saudável, livre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.
Daqui em diante não peço mais boa-sorte,
boa-sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
não transfiro, não careço de nada;
nada de queixas atrás das portas,
de bibliotecas, de tristonhas críticas;
forte e contente vou eu
pela estrada aberta...
Moça Tati, Whitman escreveu essa Song of the open road - o primeiro dos easy riders, tão afirmativo em suas buscas, no cantar(se) - olhaí, nunca tinha pensado em catar(se)! Pra você, de aniversário, com muito carinho: um enorme abraço, moça! Parabéns procê!
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