Um inferno astral antecipado, e agora quase no final, pelo menos é o que espero. Percebi hoje que tenho o tempo contado, então aproveito os segundos finais do descanso que me resta. Nunca mais deixarei um abraço para depois, gosto deles, e assim fiz ontem um chamado para um abraço de despedida. Não para tempos de longas ausências, visto que nos veremos daqui a pouco, mas nunca mais ficará para depois um abraço, um beijo, um carinho. Meu gostar é também pelo toque.
Meu corpo quer descanso, mas meus pensamentos não dão trégua, e tenho que tentar uma tradução. Eles me governam, eis minha conclusão. Gostaria de contar histórias, tenho muitas e posso inventar outras tantas, imaginação não me falta. Tenho um baú de memórias, e gavetas abarrotadas de lembranças.
Tenho medos calados e alegrias escandalosas, e insisto em continuar dando voz e “corpo” aos meus sonhos todos. Anoto no meu caderno roxo, dou vida a eles, ainda que uma vida de papel (melhor que não existir nunca). Descubro a cada dia que ter um mundo de amigos faz daqui realmente um lugar melhor, obrigada a todos vocês que trazem um pouco de esperança. Olho em volta, vejo o deserto, mas tenho a impressão de divisar algo parecido com um oásis. Sou um misto de dor, vergonha, esperança, e muitas, poucas certezas. Uma delas é a de que o fim da estrada não é aqui.
Meu corpo quer descanso, mas meus pensamentos não dão trégua, e tenho que tentar uma tradução. Eles me governam, eis minha conclusão. Gostaria de contar histórias, tenho muitas e posso inventar outras tantas, imaginação não me falta. Tenho um baú de memórias, e gavetas abarrotadas de lembranças.
Tenho medos calados e alegrias escandalosas, e insisto em continuar dando voz e “corpo” aos meus sonhos todos. Anoto no meu caderno roxo, dou vida a eles, ainda que uma vida de papel (melhor que não existir nunca). Descubro a cada dia que ter um mundo de amigos faz daqui realmente um lugar melhor, obrigada a todos vocês que trazem um pouco de esperança. Olho em volta, vejo o deserto, mas tenho a impressão de divisar algo parecido com um oásis. Sou um misto de dor, vergonha, esperança, e muitas, poucas certezas. Uma delas é a de que o fim da estrada não é aqui.
2 comentários:
Apenas comer, trepar e dormir, de vez em quando assistir a uma gerrinha sangrenta, suportar a glorificação de uns idiotas que chutam uma bola no meio de uns paus enquanto milhares de outros idiotas uivam desvairados, ler uma grande poesia que nem chega a satisfazer a minha alma, contemplar um pôr-de-sol fulgurante precedendo uma aurora concorrente, olha, tudo isso é muito pouco pra mim. Não foi esse o mundo que me prometeram quando me convocaram pra vir aqui. A não ser que, na minha modéstia, eu não tenha percebido que eu sou o espetáculo.
Millôr, in Bíblia do Caos
Menina, isso aí em cima é uma provocação, claro. Lendo seus escritos vem uma impressão de pessoa incompleta no sentido de Guimarães Rosa, que não está terminada, que busca ser uma catedral do Gaudí, fazer da vida um passo de dança, uma canção, um poema, uma alegria escandalosa (gostei dessa). Vivemos momentos parecidos – eu com os desejos e a coragem se acumulando pra largar tudo e trabalhar a sério com educação, movimentos, gente de verdade, construções. Essa vontade de vida de verdade, não a claustrofobia e a pequenez dos grandes negócios. De vez em quando olho pra minha lança utópica de quixote salinense e penso: é hoje! Ler você dá coragem também, por saber que ainda há bastante gente coexistível nesse mundo. E amigos lindos e grandes.
Você é um mestre das palavras! Me encanta vê-lo lendo o que escrevo, e se dando ao trabalho de comentar. E reúna também a coragem, e vire a mesa, viva sua alegria escandalosa, seja ela qual for... bjos
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