segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A fé no outro


“Correr com lágrimas nos olhos
não é definitivamente
para qualquer um”
Lobão


Foi recebida com braços semi-abertos. Não sem razão, em tempos em que, infelizmente, não se podia confiar tanto assim. Não que houvesse rudeza no trato, isso não. Havia, claro, a educação, mas se percebia a distância, uma certa “desconfiança”, mineiro é assim, diriam. Mas não deu bola para isso, seguiu abrindo caminho aos poucos, sem ninguém perceber, nem ela mesma.

As presenças necessárias, as festas, o social, foram suas entradas naquele mundo. As conversas, a princípio, tímidas, mas não se poupava, e tratou logo de ser ela mesma, falando a esmo, vencida a barreira primeira da timidez. Ora, ora. Não parecia, mas era tímida. Aquele ser meio “bicho do mato”, e que uma vez sem vergonha, falava de tudo: do que entendia, daquilo que não sabia e até dava palpites sem ser chamada, e quando chamada também. Aí descobriram gostos parecidos, diferenças, se apresentaram novas cores, sons, músicas. Aproximaram-se lentamente, como são os inícios de grandes amizades, grandes parcerias. Ao que parece, perceberam que algo comum os unia, e isso os faria dividir uma vida também em comum, e entenderam-se bem.

E então, em um dia que não se lembra bem qual (é certo que algo se comemorava) encontraram-se para almoçar e celebrar. Naquele dia, depois de satisfeitos todos à mesa, ela percebeu que fazia parte do grupo. Nem havia demorado tanto tempo assim, e os braços se abriram, fortes, largos, num abraço em que ela coube sem folga, na medida exata de sua necessidade e da deles. Um abraço de onde (isso sabia) não sairia nunca mais.

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