segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Rascunho

Não estava a fim de nada, estava a fim de tudo. Sentada, deitada melhor dizendo, ela olhou mais uma vez a TV, onde não se via nada. Pensou em dar uma volta no shopping, dois minutos, toca o telefone. “Vamos ao shopping? Preciso comprar umas coisinhas aqui, ali, logo a gente se vê e põe em dia”. Não quis. Ficava em casa mesmo. Vinha um desânimo, uma tristeza tão grande hoje, que teve pena de si mesma e tentou chorar. Lágrimas de 2 segundos.

Shopping? Ela que adorava uma prestação, cartões com crédito absurdos, e uma vontade maior ainda de gastar para tapar o buraco. Ia fazer o que lá se não podia usá-los? Não tinha o dom da abstração, gostava mesmo era do palpável. Tudo bem, superficial isso, mas a vida tem dessas coisas, tudo se mistura em algum momento. Continuou num sentar-deitar de quase fazer dó.

Mais meia hora de nada na TV, outro telefonema. Agora a irmã: já tomou a vacina? Não, não tomou, aliás nem lembrou. E aí até se animou, animou a irmã para já encarar a fila, pôs uma roupa qualquer e desceu. Nem trinta minutos e tudo resolvido. Saiu com a irmã, pegou a mãe no caminho, deixou-as em casa. Na volta, passou na padaria, pão, leite, café, o trivial. Padaria cheia, todo mundo envolvido com o café da tarde, vida classe-média tarde-de-folga-sábado-normal. E nela, voltou uma sensação de calma, tudo estava como tinha que ser. Quando as coisas iam ser mesmo normais?

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